Sinto-me como se nunca estivesse aqui
Eu não consigo escutar o que você me diz
Olho pra você e só vejo uma patética demonstração de remorso
Ou mais um grito indecifrável e inteligível
Não tente me punir pelo que passamos
Sei que não deseja mais esse ódio
Mas vejo que sua agressividade está ficando incontrolável
Não abuse de mim nessas circunstancias, não sou mais um homem,
Sou apenas uma alma morta vagando num corpo destruído,
Que não quer compartilhar sua energia desperdiçada
Não vivo do jeito que você deseja
Mas o que fazer diante disso?
Conformo-me ,conforto-me,
Não carrego mais uma pesada cruz
Pois há tempos já estou pregado nela!
Você não acha estranho esse sentimento?
Essa troca mórbida e sombria
Que invade minha mente, debilitando minha razão.
Você se cala derrepente... Porque ?
Meu punhal incomoda sua garganta?
Não gosta do sabor de seu próprio sangue?
Para não dizer que eu não te amo,
Junto a ti, nesse sinistro ritual, afundo-me em seu punhal...
Minha essência rubra encobre seus lábios
Acho que esse ferimento foi fatal, essa fraqueza não é de fome.
Que frio é esse em pleno Janeiro?
Venha e aqueça-me com sua fria carcaça.
Enrolo-me em seus desajeitados e mortos braços
Unimos nosso sangue desgraçado
Isso me emociona ,como você nunca me emocionou em vida.
Gostaria que pudesse sentir esse gosto
Esse agridoce sabor de meu sangue, com o de suas lagrimas.
Porem não esperava esse cheiro... Esse perfume...
É forte... é marcante...é noturno...
Veja bem, meu bem... temos companhia
Maravilhosamente linda, a nossa mais nova amiga está.
Vestida de preto nos pegando pelos braços
Levando-nos até onde não deveríamos ter ido
Fecho meus olhos... nada vejo...
Nada sinto... te amo...Adeus...
